Ao longo da História, as ervas aromáticas tiveram variadas utilizações. Recordamos, aqui, algumas formas como os nossos antepassados tiravam partido das ervas de cheiro.
Culinárias e de conservação dos alimentos
Usadas, profusamente, por várias civilizações e em todas as épocas, para temperar e conservar os alimentos, numa altura em que a preservação através do uso do frio não existia. Eram também usadas para aromatizar bebidas, como água, vinho e cerveja, bem como azeites e vinagres.
Medicinais
As referências ao uso medicinal das ervas aromáticas são muitas e, algumas, de relevo.
Hipócrates (460-370 a.C.), considerado o pai da Medicina, listou mais de 400 espécies de ervas a que atribuía uso médico relevante, a maioria, em uso comum ainda hoje.
Aristóteles (384-322 a.C.), que foi professor de Alexandre, O Grande, pediu-lhe que, nas suas campanhas militares, recolhesse informação sobre as plantas utilizadas por outros povos. Alexandre foi mais longe e levava-lhe cortes de plantas para que Aristóteles as estudasse.
No ano 77, Plínio, o Velho (23-79 d.C.), escreveu História Natural, um vasto compêndio de ciências antigas distribuído em trinta e sete volumes, no qual as ervas aromáticas e as suas propriedades medicinais tinham grande destaque: era apologista do seu uso para tratar dores de cabeça e queixas intestinais.
Seu contemporâneo, Dioscórides (40-90 d.C.), que é considerado um dos fundadores da farmacognosia (um dos mais antigos ramos da farmacologia, praticada por farmacêuticos e que se baseia em princípios ativos naturais, sejam animais ou vegetais), escreveu um dos mais importantes documentos sobre o uso medicinal das plantas, o De Materia Medica, onde identificava mais de 600 espécies de ervas aromáticas.
Galeno (129-217 d.C.), um dos mais importantes médicos da época romana, não prescindia das ervas aromáticas para tratar afecções comuns como vómitos e problemas de estômago em geral.
As antigas tradições medicinais da China, Índia, Egipto e Grécia assentavam na premissa de que as ervas possuíam propriedades virtuosas que podiam aliviar os estados de saúde, equilibrando os “humores” do corpo. (Ver Ervas
Aromáticas: Origens)
Os diversos povos do mundo antigo usavam as ervas que eram nativas dos locais onde viviam e as técnicas e tratamentos usados passaram durante séculos de boca em boca, antes da invenção da imprensa e da facilidade de circulação do papel e dos livros.
Limpeza, desinfecção e aromatização
As ervas aromáticas eram também usadas para criar produtos e soluções de limpeza, desinfecção e aromatização das casas, dos tecidos e, até, das pessoas, numa altura em que o ritual do banho era mal visto (acreditava-se que fazia mal à pele).
Tinturaria
As populações nativas sempre experimentaram o uso de ervas e plantas para marcar os seus corpos, tingir peles e tecidos e criar padrões decorativos. Quando as culturas começaram a convergir pelas rotas comerciais, a troca de experiências destes usos e produtos aumentou.
Na Europa, na Idade Média, os segredos de cultivo e preparação destes materiais eram detidos pelas guildas de artesãos que refinavam, melhoravam e aprimoravam as “receitas” originais.
Com a revolução industrial, muitos produtos naturais para tinturaria foram substituídos por produtos sintéticos. Mas é sabido que as peças tingidas através de processos naturais têm resultados mais genuínos e duradouros.
Perfumes e cosmética
São famosos os relatos que chegaram, até hoje, do uso que os Egípcios faziam de óleos e águas aromatizadas. O uso das ervas era imprescindível para criar estes produtos que tinham efeitos calmantes, estimulantes ou revigorantes, quer pelo contacto com a pele, quer pelo cheiro que exalavam, quando eram usados. Aromatizar banhos, criar perfumes e fluídos de embalsamamento e rituais purificantes com a queima de ervas, eram outras utilizações.